AULA PRÁTICA: TESTE DE SUSCEPTIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS ( ANTIBIOGRAMA )
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CURSO DE ENFERMAGEM
Disciplina: MICROBIOLOGIA Prof. Dr. Luis Carlos F. Carvalho
PRÁTICA: TESTE DE SUSCEPTIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS
( ANTIBIOGRAMA )
Objetivos: Determinar a susceptibilidade de microrganismos a diferentes antibióticos por meio da técnica de difusão em ágar. Interpretar um antibiograma em função do diâmetro do halo de inibição de diferentes antibióticos.
Princípio: Os antibióticos impregnados nos discos, difundem no ágar e formam um halo de inibição ao seuredor quando encontram bactérias sensíveis. A bactérias resistentes crescem próximo ao disco, não ocorrendo a formação de halo.
Material: Placas contendo ágar Mueller-Hinton, Microrganismo isolado em cultura pura (E.coli ou S.aureus) e suspenso em salina (inóculo)
Metodo:
Preparo do inóculo: Tomar 4 a 6 colônias do cultivo puro e inocular em um tubo com caldo BHI. Incubar o tubo por 2 a 5 horas até obter uma suspensão com turvação moderada. O inóculo deve ser adequadamente padronizado, pois caso contrário o resultado do antibiograma poderá ser alterado significativamente. Preparar as diluições de cada cultura em solução salina fisiológica até que a turbidez das suspensões ajustem-se a 108 bactérias/ml. Comparar as suspensões contra um padrão de turvação (0,5ml de BaCl2.2H2O 0,048M em 99,5ml de H2SO4 0,36N) preparado mensalmente.
Semeadura: Utilizar um “swab” estéril para cada cultura, imergindo-o no “inóculo” . Esgotar o excesso delíquido, apertando o “swab” contra a parede do tubo e semear cada microrganismo em ágar Mueller-Hinton em diferentes sentidos, assegurando uma semeadura uniforme.
Aplicação dos discos: Mantendo sempre a assepsia, depositar com uma pinça estéril (imersa no álcool ou flambada na chama) os discos de antibióticos indicados sobre a superfície do inóculo em placa de ágar. Em seguida, com pinça estéril, exercer uma leve pressão sobre cada disco, para se obter uma boa aderência, a fim de permitir um contato do disco com a superfície do ágar. Caso contrário, poderá ocorrer erros na leitura dos resultados, devido a difusão não uniforme do antibiótico no ágar. Não se deve colocar mais de 9 discos por placas de 100mm, assim como, é muito importante levar em conta a distância entre eles.
Incubação: Depois de trinta minutos, as placas devem ser incubadas invertidas a 37oC durante 16 a 18 horas.
Leitura: Observar e medir o halo de inibição, comparando com a tabela em anexo para determinar a
susceptibilidade aos antibióticos: S (Sensível), R (Resistente) e I (Intermediário)
Interpretação:
A interpretação dos resultados do antibiograma pelo método dos discos de concentração única é
baseada na correlação existente entre os parâmetros seguintes, verificados com relação a diferentes cepas bacterianas:
a) Concentração mínima inibitória (C.M.I.) - dose mínima de antibiótico que, adicionada ao meio de cultura
(líquido ou sólido), é capaz de inibir totalmente o crescimento de um inoculum estândar.
b) Zona de inibição ( Z.I.) - diâmetro do halo estéril em torno do disco, em placas semeadas com as mesmas cepas bacterianas.
A observação clínica permitiu estabelecer, ademais, os valores de C.M.I. correspondentes ao sucesso terapêutico, de sorte que é possível inferir, pelo valor de Z.I., qual o antibiótico de escolha para a cepa bacteriana em questão.
Zonas de Inibição (em mm) correspondentes a diferentes graus de Suscetibilidade*
ANTIBIÓTICO OU R I S
QUIMIOTERÁPICO
• Ac . nalidíxico 13 14-18 19
• Ampicilina 11 12-13 14
• Cefalotina 14 15-17 18
• Cloranfenicol 12 13-17 18
• Eritromicina 13 14-17 18
• Estreptomicina 11 12-14 15
• Gentamicina 12 - 13
• Kanamicina 13 14-17 18
• Neomicina 12 13-16 17
• Nitrofurantoína 14 15-18 19
• Penicilina G 20 21-28 29
• Polimixina B 8 9-11 12
• Tetraciclina 14 15-18 19
• Trimetoprim 10 11-15 16
• Vancomicina 9 10-11 12
*R – Resistente; S – Sensível; I – Intermediária
Comentários
Discos utilizados no teste:
O método estândar recomendado pela “Food and Drug Administration” dos Estados Unidos utiliza
discos de concentração única, que devem ser conservados ao abrigo da umidade (dessecadores) e em
temperatura baixa (3oC ou - 14oC, conforme o caso). Utilizam-se discos de concentração única e adequada,
para cada antibiótico, à obtenção de halos de inibição indicadores do grau de sensibilidade de diferentes
bactérias: penicilina (P), bacitracina (B) – 10UI.; ampicilina (A), colistina (C), estreptomicina (S), gentamicina
(G), rifampicina (R), viomicina (VI) - 10 mcg; eritromicina (E), oleandomicina (OL) - 15 mcg; cefalotina
(CE), cloranfenicol (CL), declomicina (D), gabromicina (GB), kanamicina (K), a. nalidíxico (NA), neomicina
(N), novobiocina (NO), rovamicina (RO), tetraciclina (T), vancomicina (V) - 30 mcg; sulfas em geral,
furadantina (F) - 300 mcg, etc.
Multidiscos são oferecidos em numerosas combinações, para atender a diferentes objetivos:
infecções urinárias, feridas supuradas, etc.
Antibiograma- Métodos Convencionais
Uma das tarefas mais importantes do laboratório de microbiologia clínica é avaliar a sensibilidade de
microrganismos a antimicrobianos. O objetivo dos testes que fazem esta avaliação é prever, através da
realização de provas “in vitro”, a probabilidade de sucesso terapêutico no uso das drogas avaliadas no
tratamento de infecções causadas pelo microrganismo a ser testado.
O desenvolvimento de novos e variados mecanismos de resistência pelos microrganismos tem gerado
o surgimento de um número cada vez maior de antimicrobianos. Esses dois fatores tem levados à necessidade
de aprimoramento constante dos testes de sensibilidade a antimicrobianos. Existem varias opções para
avaliação de sensibilidade a antimicrobianos, tais como disco-difusão, microdiluição em caldo, métodos
rápidos automatizados e, mais recentemente, o E test, que é um teste comercial baseado no método de difusão
em ágar.
O método de disco-difusão é o mais utilizado no Brasil e na maioria dos países. Esse teste é realizado
através da aplicação de um pequeno disco de papel de filtro impregnado com antimicrobiano a superfície do
ágar onde o microrganismo foi inoculado. A difusão do antimicrobiano no ágar levará a formação de um halo
de inibição de crescimento. Através da medida do diâmetro desse halo o microrganismo será classificado em
resistente (R), intermediário (I) ou sensível (S). É um método bastante simples, fácil de ser realizado e que
possui acurácia excelente quando realizado de maneira adequada.
Em resumo, a terapêutica antimicrobiana de infecções causadas por algumas bactérias, fungos, vírus e
parasitas continua a ser empírica porque ainda não foram detectados problemas de resistência, ou por falta de
alternativas terapêuticas. O rápido aumento na prevalência de infecções causadas por microrganismos
resistentes, porém, tem exigido não somente o aprimoramento das técnicas laboratoriais como também o maior
conhecimento destas por parte do médico assistente. Este deve reconhecer as situações onde os diferentes testes estão indicados e saber interpretar os resultados fornecidos.
Comentários
Postar um comentário